O bom jogador de póker (creio que o termo póquer não é consensual) não é o que sabe muito bem as regras, mas o que sabe olhar nos olhos do adversário e perceber quando é o momento de ceder para não perder mais ou de avançar de modo estratégico, porque o adversário já está derrotado e quanto mais ele se arrastar a pensar que nem tudo está perdido, maior será o ganho daquele que vai sair vitorioso.
O mesmo pensamento está presente nas discussões de mercado, fosse no Norte de África há uns anos (ainda é?) ou nas feiras de ciganos. ´Seria interessante comparar os métodos. O cigano normalmente cede no preço porque já estava a contar com isso quando elaborou a tabela. O chinês não faz descontos. Baixa logo o preço ao máximo, ou faz parecer isso, e não faz favores.
Jogo e negócio de feira para falar de palavras.
Finalmente e pela primeira vez os acordistas cederam. Embora apenas nalguns casos, cederam. Este é o momento de olhá-los nos olhos, profundamente com a sagacidade e lucides do jogador de póker ou a argúcia do cigano ou do magrebino. Eles não tinham preço fixo, como têm os chineses, eles têm pés de barro.
Se os iluminados da Academia das Ciências cederam em 5%, há que saber encará-los com a serenidade conveniente. Esperar que cedam mais 5% por cento, até à derrocada final, ou exigir já mais e mais.
A arrogância começa a desvanecer-se. Já admitem melhorar. Que melhorem, de degrau em degrau, até à consumação da esperança da comunidade lusófona, até à erradicação da afronta que foi feita a quem fala português.
É necessário fazê-los cair em contradição, o que nem é difícil, porque a tese deles não é coerente.
É altura de parar de gritar contra o AO90, ignoremo-lo. Exaltemos apenas a língua portuguesa, exigindo que seja respeitada. Ela é a herança que recebemos e a que temos que deixar.