Os cegos que se lixem!
Lisboa. Bairro das Furnas. Rua José Carlos Sá da Silveira. Os carros em cima do passeio não me chamavam a atenção, porque há falta de lugar para estacionar e é um hábito (mau hábito) os carros estarem naquele propósito.
O que chamou a minha atenção foi uma senhora cega com uma bengala apropriada. Atravessou normalmente esta passagem de peões, mas para passar entre os carros mal estacionados teve que erguer a bengala e passar entre os carros, batendo-lhes com a bengala, para se orientar entre aqueles aqueles automobilísticos que estavam a roubar o seu espaço.
Não fotografei a senhora por respeito para com ela.
Mas fiquei a observar e, depois de passar entre carros, em que teve de ir batendo nas laterais, continuou o seu caminho normalmente como qualquer cego, orientando-se com a bengala no espaço que para ela está reservado por lei. E para os outros peões.
Acredito que se as pessoas, que ali estacionam assim, nunca tiveram um problema de pessoa com limitações de mobilidade, não entendam a maldade que estão a fazer (ia escrever crime, mas fico por maldade).
Já estava a guardar a câmara fotográfica quando um senhor com aspecto de avô teve a mesma dificuldade a passar com um carrinho de bebé.
Claro que isto é uma imagem triste de Lisboa. Mas mais triste do respeito pela dignidade das pessoas.
Lanço um apelo: Tenhamos mais cuidado.
Orlando de Carvalho