Porcaria de governação
Mais uma vez a comunicação social recorda novas leis e, com a habitual infantilidade de quem não faz ideia daquilo sobre que fala, mas ciente de que é conveniente dar algum sensacionalismo à notícia, para vender mais.
Hoje leio, por exemplo, no Económico que "As gasolineiras têm três meses para venderem combustíveis simples". O título está errado porque o jornalista queria escrever que têm três meses para ter à venda combustíveis simples e não que têm três meses para vender todo os combustíveis simples em armazém. Damos de barato este erro.
Ontem, toda a comunicação social falava da entrada em vigor da proibição da entrada em Lisboa de carros anteriores ao ano 2000, com não sei quantas excepções.
A primeira notícia significa que os postos de abastecimento de combustível para automóveis passam a ser obrigados a vender combustíveis sem aditivos porque são mais baratos e isto favorece os consumidores. Atenção: podemos escrever e dizer combustíveis de baixo custo ou combustíveis mais baratos e não precisamos de usar a expressão inglesa low cost. A língua portuguesa não é assim tão pobre que não nos dê meios suficientes para dizer uma coisa tão simples. Ora, a diferença entre estas duas qualidades de combustíveis reside no facto de os mais caros estarem adicionados com produtos químicos que reduzem a emissão de gases poluentes, além de obterem maior rendimento do motor. Ao usar os combustíveis de baixo custo, estamos de facto a poluir mais o ambiente.
A segunda notícia, a de ontem, referia que os carros que poluem mais, supostamente, por serem anteriores ao ano 2000 não podem entrar no centro de Lisboa.
Afinal, uma lei para poluir mais e outra para poluir menos? Que porcaria de governação.
Orlando de Carvalho